sexta-feira, 30 de abril de 2010

Analfabetos

Recebi esse texto e achei bem pontual para a atualidade. Isso é muito real, vejo bastante acontecer nos comentários de leitores sobre determinadas matérias. Apenas lêem 3 primeiras linhas e já acham que sabe do que trata e já vão fazendo juízo.



O texto é grande mas vale a pena.

Luis Sucupira
Editor de Conteúdo do FPCS
http://www.forumpcs.com.br/home


Está cada vez mais difícil contratar pessoas para vagas disponíveis no
mercado. O maior problema não é a qualificação. Ela até que existe,
mas o maior problema mesmo e o mais grave de todos é o analfabetismo
dos alfabetizados. Explico: O Houaiss destaca que analfabetismo é
também “aquele que é muito ignorante, bronco, de raciocínio difícil”.
Infelizmente é cada vez maior a quantidade de pessoas que não sabem
escrever corretamente, não sabem entender e pior, não conseguem formar
uma ideia compreensível daquilo que expressam. O problema é grave e há
muitos culpados. O Paulo Couto e outros colunistas do Fórum PCs puxam
uma campanha há alguns anos com o tema - “Eu sei escrever...”. Tal
tema ainda desperta muito interesse a ponto de comumente sermos
convidados a participar de programas de entrevistas para tratar do
tema.

A mesma opinião dos colunistas do Fórum PCs é compartilhada por vários
headhunters, empresas de seleção e departamentos de RH. O problema
está gerando um fato que muitos estão chamando de ‘analfabetos
graduados’. Ultimamente há muito mais vagas do que profissionais
capacitados a ocupá-las. São pessoas com qualificação técnica, com
extensos currículos e muitos diplomas, mas com pouco conhecimento
teórico e prático e sem as atitudes adequadas de um profissional. A
maioria é de gente muito nova e alguns chegam a ser arrogantes, pois
com esse perfil pouco valem no mercado, mas se acham ‘o máximo’.
Vários não possuem sequer a mínima etiqueta empresarial ou
corporativa, sua vida pessoal é completamente desorganizada e parecem
desconhecer fundamentos da ética e do respeito. Segundo Paulo Ricardo
Mubarack a falta de fibra é outra marca registrada deste extenso grupo
de incapacitados para o trabalho e isso está se transformando no maior
apagão de mão-de-obra que este país já teve.

Paulo Ricardo Mubarack (Consulting & Business School) concorda que o
problema é “grave” e muitos empresários e executivos de RH já o
perceberam há muito tempo. “Estamos diante de um grande grupo de
“novos analfabetos”. Mal sabem escrever ou ler, mal sabem falar ou
ouvir. Não tem qualquer curiosidade científica, não leem livros, não
assinam publicações técnicas, não consultam dicionários, não estudam,
não treinam.” Sentencia Mubarak. Nos treinamentos que ministrava para
equipes de vendas era comum ouvir representantes comerciais admitirem
que “nunca participaram de um treinamento em vendas”.

A ortografia e o português estão no corredor da morte, sentenciados
que foram ao ostracismo pela falta de uso e mais ainda pelo mau uso
dele. Tais ditos ‘profissionais’ não revisam a ortografia do que
escrevem no Word, mesmo tendo um corretor automático. É comum lermos
palavras grafadas erroneamente. Um exemplo é uma frase comum em
entrevistas a candidatos para vagas de vendedores ou consultores em TI
- eles escrevem “atender as suas ESPECTATIVAS do cliente” e dizer que
está “ANCIOSO” para conseguir a vaga.

Gerentes de vendas e gestores de pessoas não conhecem os indicadores
de desempenho mais básicos para suas áreas e sequer os procuram nem
mesmo no Google. Além de tudo não leem os textos corretamente e muito
menos totalmente e no meio da missiva o abandona e sai acreditando que
possui opinião formada sobre tudo. Ledo engano. Apesar de lerem muitas
notícias rápidas nas manchetes da Internet (principalmente twitters)
não conseguem assimilar o contexto de causa e repercussões.

Os novos analfabetos graduados, na sua costumeira arrogância,
apresentam uma pose de importância absoluta, inabalável, indefectível
e sempre reclamam da mesma coisa: “ – que ganham muito pouco...” Mal
sabem eles que ainda possuem uma grande desvantagem sobre os
analfabetos clássicos. Enquanto os clássicos realmente não sabem ler e
nem escrever e assumem isso; os analfabetos graduados não sabem que
são analfabetos. Mubarak destaca com bastante propriedade, citando os
gregos, para consolidar essa tal dupla ignorância: “eu não sei que não
sei!” Como disse Mario Quintana “o pior analfabeto: o que sabe ler,
mas não lê”.

Relatório do PNLL – Plano Nacional do Livro e Leitura acrescenta um
fato importante ao citar que no Brasil, mais de 11% de nossa população
olham para um livro e não conseguem ver nenhuma aventura, nenhum
grande personagem se definindo, nem se aproximar de uma reflexão
instigante... Ele é apenas uma máquina estranha repleta de códigos
indecifráveis, parada, sem vida alguma. Não conseguem ver porque mesmo
a máquina mais simples exige-lhes um básico domínio do alfabeto que
uma boa parte do nosso povo mais pobre ainda não possui. No Brasil a
leitura per capita equivale a 1,8 livros lidos por ano - sem
comentários.

Segundo Paulo Couto, Editor-Chefe do Fórum PCs a campanha ‘Eu Sei
Escrever’ foi uma cruzada que começou atacando o ‘internetês’, “não
porque era um idioma de ‘moda’ ou ‘da internet’, mas porque segrega
uma vez mais aquele que não conhece seu significado.” Paulo Couto
destaca que “tempos atrás convivemos com o grave problema da
discriminação digital (a turma do ‘sem computador’), que é
consequência da discriminação social e financeira existente nesse
país, e vem o ‘internetês’ agora para segregar entre os
‘digitalizados’ àqueles que não utilizam a linhagem rápida dos
torpedos e MSN.” Ressalta o Editor.

Aqui mesmo no Fórum PCs tem gente que critica os textos do Piropo sem
nem mesmo ler, dizem que "só leio o inicio e o fim". Várias vezes, eu,
Paulo, Piropo, Xandó, Elis (a guisa de exemplo) fomos criticados por
alguns usuários que discordaram de uma opinião que não foi expressada,
direta ou indiretamente, no texto. Isso aconteceu simplesmente porque
"eles entenderam dessa forma". Várias vezes recebemos e-mails duros de
gente dizendo que discorda de nós, e dá a sua opinião, a qual na
realidade é EXATAMENTE A NOSSA, ou seja, entendeu tudo o contrário.
Isso já aconteceu com todos os colunistas do Forum PCs. Paulo lembra
que recebe e-mails ou mensagens “tão confusas que não dá pra entender
se o sujeito está afirmando ou perguntando, concordando ou
discordando, com algo que eu escrevi.” Destaca Couto.

Nas nossas conversas, entre os colunistas, notamos também uma
ansiedade exagerada nas pessoas, como se todos vivessem em um ritmo
muito mais acelerado do que o normal, de forma que as interrupções nas
conversas se tornaram frequentes, e a falta de raciocínio na hora de
expor um tema marca a maioria das discussões. Há um filme do Denzel
Washington chamado ‘The Great Debaters’ que mostra que o debate era
tratado como uma disciplina acadêmica, com professor, aula, exercícios
e competições. “Situações como as propostas nesse filme”, destaca
Paulo Couto, “ou no ‘Sociedade dos poetas mortos’ são completamente
estranhas para o pessoal de hoje. É necessário massagear mais o
cérebro e exercitar o pensamento e a argumentação.” Conclui.

Para reforçar a tese esta semana a Ediouro, enviou mensagem ‘mandando’
que os livreiros destruíssem milhares de títulos de livros que não
estão tendo “boa saída”. Entre os condenados à morte estavam Mário
Quintana, Tolstói, Ferreira Gullar, Shakespeare, Nélson Rodrigues.
Diante do protesto dos livreiros, a editora suspendeu a ordem e está
negociando descontos para que sejam comprados por preço mais baixos e
vendidos em promoção. Para quem não sabe, as editoras gozam de uma
série de imunidades tributárias que representam um subsídio justo à
publicação de livros, inclusive para estes livros que mandou destruir.
Em um país carente de cultura, educação e de boa leitura tais livros
deveriam ser doados às escolas, bibliotecas, centros sociais públicos
e não à fogueira como destino proposto pela Ediouro.

No rumo que está tomando a sociedade atual, em breve um livro deverá
virar profecia realizada. Ele se chama "Idiocracy" - 2006 que mostra o
futuro baseado na extrapolação do presente. No livro os mais
inteligentes e conscientes evitam ter filhos ou mais de dois filhos.
Assim eles são rapidamente superados pelos idiotas que procriam com
mais velocidade. Os filhos dos idiotas elegem representantes parecidos
com eles, e em algumas gerações a ‘elite pensante’ se torna uma
minoria pouco influente. Nesse cenário futuro (possível?), o
presidente americano é um ‘rapper’ e ninguém consegue resolver o
problema das lavouras que pararam de germinar, pois, pasmem, que foram
irrigadas por anos a fio com ‘Gatorade’ simplesmente porque a
propaganda dizia que era "melhor do que água".

A sociedade atual está manipulada de tal forma que nos transformamos
em meros consumidores e pagadores de impostos. Consumimos qualquer
porcaria que é oferecida, até mesmo educação de baixa qualidade,
produtos ‘xing-lings’, programas de TVs absolutamente ridículos e a
pior delas - as promessas de políticos.

O ‘internetês’ é apenas um dialeto dentre os muitos falados no Brasil,
(tente entender o ‘mineirês’, o ‘pernambuquês’, o ‘paraibês’, o
‘paulistês’, ‘carioquês’, o ‘gauchês’ e decifre, se puder, a
Conspiração Cearense para Dominar o Mundo) mas mesmo utilizando uma
linguagem abreviada para se comunicar via Web através do MSN ou SMS,
não será essa a justificativa para assassinar o nosso português. Se
bobear, em breve, essa falta de compreensão, leitura e conhecimento do
idioma pátrio irá gerar a seguinte conversa entre um entrevistador e
um ‘analfabeto graduado’ (sim, por que quase todo mundo, hoje em dia,
tem pós-graduação): O entrevistador perguntará ao candidato se ele
fala bem português. Ele diz que sim e falará: “- português”!

2 comentários:

  1. Olá, Luluzinha! Colega, seria interessante incluir o link e o autor, não acha?

    Abraços e obrigado por divulgar nossa campanha.

    Luis Sucupira
    Editor de Conteúdo do FPCS

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  2. Quero pedir mil desculpas por não ter colocado o autor do texto. Não fiz antes por não a informação. No e-mail quew recebi não tinha informação do autor.

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